Depois dos 12 meses, desisti de fazer os habituais resumos mês a mês. pois a partir de agora, os avanços são vertiginosos e é com muita pena minha é-me impossível descrevê-los a todos.
O Afonso tem vindo a desabrochar... a sua pequena estatura já começa a revelar pequenos traços de uma personalidade que tenta afirmar-se a todo o custo, mas para mim continu a ser o filho perfeito (claro!) É lindo, bem-disposto, sociável, educado e por norma, respeita as - poucas - regras que lhe vamos impondo.
A educação que tive é para mim um modelo e a do pai também.
Tenho uma mãe que dio que é perfeita... nunca levei raspanetas pela minha roupa imunda ou rota; as minhas brincadeiras passavam algumas vezes por estar com um alguidar com água, e outro com areia, a fazer bolinhos e pastas lamacentas; era-me permitido brincar à chuva (quando não era intensa). As noitadas de amigas lá em casa nunca foram problema e os fins de semana lá em casa com elas para brincadeira eram uma constante.
Nunca pisei o risco, nunca abusei e sempre fui responsável nos meus actos. Fui um pouco a típica menina q.b. nem muito nem pouco... o suficiente. (Acho eu)
Em sequência da alegria destes momentos, tenciono que o Afonso siga um pouco o mesmo rumo.
A educação dele nesta fase passa por deixá-lo "sentir" o mundo que o rodeia e que lhe suscita curiosidade.
Quer comer com as mãos? Come.
Quer comer com colher? Come.
Quer mexer na água? Mexe.
Quer andar de joelhos no chão ou rebolar num jardim? Pois bem, que assim o seja.
Mas tudo tem limites, é óbvio. E no que não se pode tocar, não se toca. Porém, tudo o resto, deixo que ele explore, independentemente das nódoas ou rasgões.
Eu mesma, já com (praticamente) 35 anos, se não fosse sentir-me intimidada pela vergonha da minha idade, acho que ainda seria uma exploradora nata.
Por isso, imagino-me com um singelo ano de idade, acabadinha de sair da minha concha e com tanta coisa nova à minha volta, privada de sentir, mexer, tocar...
Como consequência, o Afonso lá em casa vai fazendo pequenas coisas de adulto. Esfrega os dentes quando nós, come com as mãos ou com colher, penteia-se, despe-se, transporta objectos para os devidos sítios (lixo, roupa suja, etc), ajuda a mãe a lavar a louça e até colabora na culinária!
Tudo o que ele demonstra vontade de experimentar, desde que apresente segurança, é-lhe permitido.
À parte de tudo isto, todas as suas conquistas diárias têm-se revelado para nós, um presente sem preço.
Continua com gostos muito específicos, que passam longe de um simples brinquedo. Tem uma paixão por tudo o que implique tractores, escavadores e bolas.Tudo o resto é tratado com um pouco de desprezo e fica encostado dias seguidos no cesto dos brinquedos que está na sala.
A fala é bastante avançada e fala muito bem e pelos cotovelos.
Também já entoa a maior parte dos sons dos animais.
Na maior parte do tempo dou por mim a falar com o Afonso na língua dele!! Anteriormente, achava que era desnecessário e um pouco disparatado, mas hoje, vejo este processo de uma forma totalmente diferente. Para eles, falar como eles é quase como que um estímulo essencial para passar à fala dos adultos. Hoje vejo que é preferível que ele vá entendendo o significado das coisas à maneira dele, do que bombardeá-lo com palavras compridas que ele demorará o dobro do tempo a assimilar.
É uma criança verdadeiramente mimocas, como eu sempre desejei que um filho meu fosse.
Abraça-me e enterra a cabeça no meu pescoço vezes sem conta. Faz muitos "super-miminhos", que são uns miminhos especiais que eu e o papá inventámos (mas não é sempre, é quando lhe apetece).
Não é de dar muitos beijinhos, mas se nos magoar bem logo dar um beijinho no dói-dói; quando faz asneiras incentivámo-lo a pedir desculpa, o que faz sem manifesto.
Quando lhe pergunto: "onde está o amor da mãe?" toca com o dedito no peito exclama: "tuuuuu!".
Continua super materno-dependente. Parece uma carracinha. Inúmeras são as vezes em que faço as minhas tarefas com ele colada à mim.
Adoro estar com ele, sair com ele, brincar com ele... abdico do mundo para isso, se for preciso.
Vejo nele a minha alma, o meu anjo, a minha sombra e uma companhia para a vida.
Sinto que temos uma cumplicidade que vai para além do sangue que nos corre nas veias, e sinto-me muito orgulhosa disso...
Nasci para isto. Tenho a certeza.
Eu para ti e tu para mim!!!
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